24.4.07

As Minhas Cidades XX

“Um homem ou uma mulher de súbito atirados para este mundo teriam de se desviar das casas e dos prédios. É que aqui tudo está em movimento. Casas e blocos de apartamentos, montados sobre rodas, atravessam Bahnhofplatz à desfilada e metem pelos becos e travessas de Marktgasse, com os seus ocupantes aos gritos nas janelas do primeiro andar. A estação central dos correios não se mantem estática em Postgasse, mas, pelo contrário, voa através da cidade sobre carris, como um comboio. Do mesmo modo, também o Bundeshaus não permanece Bundesgassen. Por toda a parte ecoam no ar estampidos e lamentos, juntamente com o ruido dos motores, do movimento. Quando alguém sai da casa ao nascer do sol, tem de desatar logo a correr para apanhar o edifício onde vai o seu escritório, e subir e descer escadas sempre a correr, trabalhar numa secretária que se desloca aos circulos, e voltar para casa a galope ao fim do dia. Ninguem se senta debaixo de uma arvore a ler um livro, ninguém se detem a olhar a ondulação que encrespa a superficíe do lago, ninguém se deita no campo, na relva que cresce alta. Ninguém está parado. “

in Os Sonhos de Einstein, Alan Lightman

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