9.5.07
4.5.07
As Minhas Cidades XXIV
“Atlas”
“...a três ou quatrocentros metros das pirâmides, abaixei-me, peguei num punhado de areia, depois deixei-a cair silenciosamente um pouco mais longe e disse em voz baixa: ‘estou neste momento a modificar o Sahara”. O facto em si mesmo era insignificante mas na sua banalidade as palavras eram exactas e pensei que tinha sido preciso percorrer toda uma vida para as poder pronunciar. A recordação deste instante é das mais significativas da minha estadia no Egipto.”
Jorge Luis Borges
“...a três ou quatrocentros metros das pirâmides, abaixei-me, peguei num punhado de areia, depois deixei-a cair silenciosamente um pouco mais longe e disse em voz baixa: ‘estou neste momento a modificar o Sahara”. O facto em si mesmo era insignificante mas na sua banalidade as palavras eram exactas e pensei que tinha sido preciso percorrer toda uma vida para as poder pronunciar. A recordação deste instante é das mais significativas da minha estadia no Egipto.”
Jorge Luis Borges
3.5.07
As Minhas Cidades XXII
A Janela para a Travessa
"Quem vive abandonado e gostaria, pois, de quando em quando, de participar de alguma forma em algo, que considerando as diferentes partes do dia, as mudanças do tempo, as idas e vindas dos empregos e coisas afins, quer apenas ver um braço qualquer a que se possa agarrar, não o conseguiria concretizar por muito tempo sem uma janela para atravessar. E se a situação é a de alguém que nada procura, só a de um homem cansado que assoma ao parapeito da sua janela erguendo e baixando os olhos entre o público e o céu, que não têm vontade e que tem a cabeça um pouco inclinada para traz, então, em baixo, os cavalos arrastá-lo-ão juntamente com os seus atrelados e o seu ruído, enfim, para a concórdia humana."
Franz Kafka
"Quem vive abandonado e gostaria, pois, de quando em quando, de participar de alguma forma em algo, que considerando as diferentes partes do dia, as mudanças do tempo, as idas e vindas dos empregos e coisas afins, quer apenas ver um braço qualquer a que se possa agarrar, não o conseguiria concretizar por muito tempo sem uma janela para atravessar. E se a situação é a de alguém que nada procura, só a de um homem cansado que assoma ao parapeito da sua janela erguendo e baixando os olhos entre o público e o céu, que não têm vontade e que tem a cabeça um pouco inclinada para traz, então, em baixo, os cavalos arrastá-lo-ão juntamente com os seus atrelados e o seu ruído, enfim, para a concórdia humana."
Franz Kafka
2.5.07
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