A cidade onde nasci – uma riqueza que brota da sua interioridade geográfica. Onde a Terra é dominante nos cheiros verdes da serra, nas cores geladas do Inverno, nos
sabores vermelhos das cerejas e nas rugas das suas gentes. Que na dificuldade se eleva a astúcia, gerindo o conflito na compreensão da fé. Boa Gente! Diria a minha avó quando se despede com um Bem Haja da vizinha, mulher do sapateiro.
A cidade onde estudei – uma novelo multicultural centralizador do país. Uma mão cheia de vontades e energias. Emaranhado de vidas que correm para um oceano de águas agitadas com uma história que nem os próprios conhecem. Tráfego denso que só na outra margem e nas perspectivas das colinas se desvanece. Um fado, um pastel, um cheiro a alecrim e uma mão cheia de luz são saudades que nos entre tantos
resolvo consumir quando agora, por lá, sou turista em passeio.
A cidade onde trabalho – o meu patinho feio! Para quem conheceu Adamastor, águas brandas da minha tranquilidade. A tristeza edificada é marcada pelo granito tornando-a densa mas arrumada. Um cálice de vinho do Porto ajuda a animar os sonhos que se descobrem do outro lado do rio. As pontes, são virtudes demasiadas, para proximidade tanta. Cidade dos sete ofícios de bairrismo esmagador, onde a patine na perenidade do tempo descobre rostos duros e marcados de vidas e desafios.
Se estas permanecessem como eu as criei em pensamento, as suas vidas estariam agitadas, o seu tempo não estaria certo e assim eu as teria mudado.